Luiz Antonio Mello, jornalista, radialista e escritor, faleceu nesta quarta-feira, aos 70 anos, em Niterói, sua cidade natal. Ele estava internado no Hospital Icaraí para tratar uma pancreatite e sofreu uma parada cardíaca durante um exame de ressonância magnética.
Reconhecido como uma das figuras mais influentes da comunicação e da música no Brasil, Luiz Antonio foi o criador, ao lado do também jornalista Samuel Wainer Jr. (falecido em 1984), da rádio Fluminense FM, carinhosamente apelidada de "Maldita", que revolucionou o cenário musical nos anos 1980.
A Fluminense FM - que hoje no dial carioca foi substitutída pela Feliz FM, ficava em Niterói, na área metropolitana do Rio de Janeiro. Na época, pertencia ao Grupo Fluminense de Comunicação, que também possuía uma rádio AM e um jornal de mesmo nome. Mais de 40 anos atrás, a FM do grupo foi uma das emissoras pioneiras, que abriu espaço para o rock nacional produzido nos anos 1.980 e para artistas independentes da época, revelando nomes como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Blitz, Barão Vermelho, Ultraje à Rigor, Ira, entre dezenas de tantos outros.
Sob a direção de Luiz Antonio, a rádio se tornou um marco cultural, desafiando padrões da época e promovendo uma programação inovadora e autêntica. Sua trajetória foi imortalizada no filme "Aumenta que é Rock’n’Roll", lançado em 2022, onde ele fora interpretado pelo ator Johnny Massaro.
Além de sua atuação no rádio, Mello foi colunista em veículos como 'O Pasquim', 'Jornal do Brasil' e 'Folha de Niterói'. Ele também fundou a Rádio LAM, uma emissora online que opera 24 horas por dia, mantendo viva sua paixão pela música e pelo jornalismo. Seu livro "A Onda Maldita" narra os bastidores da criação da Fluminense FM e serviu de base para o roteiro do filme que celebrou sua história.
A morte de Luiz Antonio Mello gerou grande comoção entre amigos, colegas e admiradores. Artistas, jornalistas e fãs usaram as redes sociais para prestar homenagens e relembrar sua contribuição inestimável à cultura brasileira.
Repercussão - A notícia de sua morte foi recebida com pesar por figuras importantes da música e do jornalismo. O cantor Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, destacou a coragem de Luiz Antonio em apostar no rock nacional em uma época em que o gênero era marginalizado. "Ele acreditou em nós quando ninguém mais acreditava", afirmou.
A atriz e cantora Marisa Monte, que também teve sua carreira impulsionada pela Fluminense FM, descreveu Luiz Antonio como "um visionário que enxergava além do óbvio". Já o jornalista e apresentador Zeca Camargo ressaltou a importância histórica da rádio criada por ele, chamando-a de "um templo da contracultura brasileira".
A rádio Fluminense FM, mesmo décadas após seu auge, continua sendo lembrada como um símbolo de resistência e inovação. O legado de Luiz Antonio Mello é celebrado por aqueles que viveram a era de ouro da "Maldita" e por uma nova geração que descobre sua história através do filme e do livro.
A Prefeitura de Niterói anunciou que irá homenagear Luiz Antonio, batizando um espaço cultural com seu nome. Ele é um patrimônio da nossa cidade e merece ser eternizado, declarou o prefeito.
A despedida de Luiz Antonio Mello será marcada por um velório aberto ao público, onde amigos e fãs poderão prestar suas últimas homenagens. Seu impacto na cultura brasileira será lembrado por gerações. (Com informações do G1, O Globo, O Dia, colaborou Eugênio Faria)
Onde ficava a Fluminense FM: